quarta-feira, 12 de agosto de 2009

DO CAPITAL E A EDUCAÇÃO (Introdução) por Felpis

Torna-se difícil no contexto atual, negar que a educação e os processos de reprodução social estão intimamente ligados. Nos últimos anos, a educação institucionalizada serviu ao propósito de fornecer os conhecimentos e o material humano necessário a maquinaria produtiva em expansão do sistema capitalista, mas também, o de gerar e transmitir um quadro de valores que legitima os interesses dominantes como se não pudesse haver alternativa a gestão da sociedade na forma institucionalizada, ou na forma de uma dominação hierárquica estrutural. A questão crucial desta legitimidade é assegurar tanto a adoção por parte de cada indivíduo das aspirações reprodutivas da sociedade como seu próprio objetivo de vida,como o de produzir conformidade sobre estas mesmas aspirações, levando os mesmos a adotar os limites “éticos” da sociedade como seus próprios limites individuais inquestionavelmente. Uma reformulação educacional significativa que tenha como imperativo; a formação do individuo como observador crítico e agente transformador de sua própria realidade - a partir da educação, só pode ser concebida de maneira integral, quando houver um rompimento com a lógica de reprodução social vigente. A razão pelo qual os esforços em instituir reformas na sociedade por meio de reformas educacionais - costumam não atingir o efeito desejado devendo-se ao fato de que a maioria destes intentos é designado para funcionar dentro da estrutura metabólica do capital de maneira reformista, e o mesmo é irreformável porque sua própria natureza como sistema regulador sistemático é incorrigível, portanto, torna-se necessário romper com a lógica do capital se quisermos contemplar a criação de uma alternativa educacional significativamente diferente. Contudo, a tarefa é incomensuravelmente maior do que a negação do capitalismo, pois é necessário nas palavras de Istvan Meszáros, ir “para além do capital”, ação esta que tem como objetivo a realização de uma ordem social que positivamente sustente-se sem referências aos males do capitalismo, transição esta em que a educação exerce um papel de extrema importância, tanto para a elaboração de estratégias apropriadas, como para a auto-mudança consciente dos indivíduos chamados a concretização desta ordem social radicalmente diferente. A gestão das funções do processo de produção social e das práticas educacionais deve ser protagonizada pelos próprios indivíduos de acordo com os requisitos que os mesmos julgam necessários a comunidade. A educação neste caso torna-se contínua - constituinte estritamente necessário para uma sociedade que busque a superação do sistema social metabólico do capital.

fonte:leiaerepasseufscar.blogspot.com

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